Deus tem falado ao Seu povo nestes dias de várias maneiras. O ribombar dos trovões celestes e o sopro dos ventos impetuosos dão testemunho da voz do Todo-poderoso. Ansiedade de alma e angústia de espírito tem caído sobre as pessoas, e elas têm deixado de olhar para a Rocha de onde foram cortadas. A busca pelas coisas materiais e pelo lucro se tornou o alvo maior de todos os viventes, glória e sucesso é o tema tocado nas cordas das harpas da modernidade.
As sementes da verdade lançadas nesta geração parecem todas ter caído exclusivamente no terreno dos espinhos, e o Evangelho sofre sufocado nos corações por causa dos cuidados do mundo e deleites da vida, e os que o ouviram não chegam a dar fruto.
O Senhor tem advertido severamente a Igreja nestes dias, e a trombeta dos atalaias espirituais toca estridentemente avisando que vêm tropas inimigas marchando em direção a nós, pois não temos mais cuidado em andar com retidão nos caminhos do nosso Deus.
Um esfriamento paralisante está tomando conta de todos, e uma cegueira nunca vista parece ofuscar a visão dos cristãos. O fervor se perdeu, a devoção se esvaneceu e a piedade se retirou para os desertos. O Senhor muitas vezes tem removido a Sua santa arca do nosso meio, e o candelabro da Sua presença é tirado para longe de nós, pois deixamos entrar a contenda, o ciúme e a vanglória para dominar os nossos sentimentos, e não é mais o Todo-poderoso o objeto central do nosso culto.
Para que me serve a multidão dos vossos sacrifícios? diz o Senhor. As vossas assembleias solenes e os vossos ajuntamentos, a minha alma os aborrece, porque as vossas mãos estão cheias de sangue, matais o pobre e desterrais para longe os órfãos e as viúvas, e a multidão dos vossos ídolos que fabricastes, e que consagrais para o aplauso e para a fortuna já encheu a terra, diante dos quais vocês se prostram para me provocarem a ira, e para que eu vos lance para longe da minha face.
Tem enviado o Senhor a secura, e as chuvas espirituais dos céus foram interrompidas, e o fogo consumiu os pastos dos desertos, e as ovelhas gemem exaustas, pois não há alimento para elas. O Senhor tirou o sossego e a paz da terra, e a calamidade reina ao redor, e somos como os demais homens de fora, andando exasperados de um lado para o outro atrás unicamente de Mamom, e não há tempo para se consagrar e estar na presença do Santo de Israel.
O Senhor tem enviado a perturbação e a confusão entre todos, por causa da cegueira e da dureza de coração, pois se rebelaram contra Ele. Ainda hoje tem o céu se tornado em bronze para nós, e a terra em ferro, por causa do culto ao sucesso próprio, do egoísmo mundano, da falta de amor uns aos outros e da falta de submissão a Cristo, nosso Sumo Pastor, e a renda do nosso trabalho é colocada num saco furado. Contudo, diz o Senhor, vocês não se converteram a mim.
Os que se dizem cristãos têm se engordado, enchido as casas com o salário dos ídolos e lucro de prostituições, e tem engrossado as ilhargas, e dão marradas e coices, e escorneiam com os chifres contra as paredes das cercas, e lançam para fora do curral os fracos. Bebem as águas e turvam o resto de lama com os pés, e pisoteiam o resto da palha com a qual se fartaram. Contudo, vós não vos convertestes a mim, diz o Senhor.
O Senhor tem enviado feras que têm assolado as nossas cidades e os nossos campos, e elas tem devorado o gado, os jovens e os homens valentes. A espada, a fome e a pestilência têm nos perseguido, e as nossas casas têm sido saqueadas pelo destruidor. Contudo, vós não vos convertestes a mim, diz o Senhor.
Vocês dizem ser a Igreja, e vocês semeiam, e colhem pouco, plantam, mas o vento calmoso oriental, o sol ardente, a seca e o frio consomem o trigo de vocês, e o gafanhoto e a locusta destroem a novidade da terra, pois vocês não tem mais exercitado o Temor do Senhor, e os Seus juízos são lançados para trás das costas de vocês com desprezo, e os estatutos de Cristo não são mais reverenciados. Contudo, vós não vos convertestes a mim, diz o Senhor.
Um irmão entrega à morte o outro irmão, e o pai ao filho. Filhos se levantam contra os seus progenitores, e os matam, e a comunhão entre irmãos já não existe, antes, cada um segue o próprio interesse individual e a cobiça da avareza do seu coração. Vocês tomam o Nome de Deus sobre vocês, e dizem: somos o povo de Deus, mas no coração de vocês Ele é esquecido, como um sonho distante, e vocês se esforçam para serem como os de fora, e invejam a glória dos ímpios, se espelham nos seus costumes e se envergonham das palavras do Onipotente. Tem o Senhor enviado o espanto, o assombro e o cativeiro no meio do Seu povo, para que porventura eles considerem e se convertam, contudo, vós não vos convertestes a mim, diz o Senhor.
Estes dias são dias para nós nos despertarmos do sono, aplicar colírio nos nossos olhos e sairmos do estado de sítio para adentrarmos numa nova estação de arrependimento e busca pela presença do Senhor e pelo Espírito lá do Alto, para que Ele se compadeça de nós e nos salve, trazendo cura e salvação para as nossas vidas, em Cristo. A nossa ferida precisa de bálsamo de Gileade e azeite para ser sanada e se cicatrizar. O povo de Deus tem andado por muito tempo desgarrado e afastado dos seus verdadeiros apriscos na fé. Tem havido muita revolta, muita intriga individual e divisão entre os próprios cristãos, e é necessário um movimento de restauração para que a nossa fé seja avivada de volta ao primeiro amor de Jesus. Que nos convertamos ao Senhor.
Não é necessário entrarmos nas confusões dos falsos movimentos proféticos, nem nas loucuras das falsas batalhas espirituais, que já esfaquearam muito o coração da Igreja neste país, colocando em nós um jugo que nem Elias teria suportado padecer. Tudo o que nós precisamos é apenas nos converter com um coração rendido ao nosso Senhor e Salvador, que é santo, mas também manso e humilde de coração, nos voltando à simplicidade e pureza do Evangelho das Escrituras. Que nos convertamos ao Senhor.
A Igreja não nasceu para viver tropeçando, mas para ser firme, constante e inabalável. Isto não foi somente o plano, mas a ordem de Deus, que a Igreja ande sempre em vitória e avivamento, em todas as eras. Se nós crermos nesta verdade, poderemos nos levantar, em Cristo, não para dominar politicamente o mundo, mas para fazer prevalecer e avançar o Reino de Deus entre os salvos e entre as nações para a glória de Jesus Cristo. Que nos convertamos ao Senhor.
Que nos despertemos, e tragamos à memória a obra vitoriosa de Cristo à nosso favor, os recursos poderosos que temos nEle, as promessas e as virtudes provindas pela Sua vida em nós, mediante a fé no Evangelho. Nos firmemos nEle, a Pedra Angular, e no fundamento dos apóstolos e profetas, que são a base sustentadora e imutável da verdadeira Igreja. Que nos convertamos ao Senhor.
Que lancemos fora os nossos ídolos e as nossas imagens inúteis de vaidade e justiça própria, nos despojando do orgulho, da independência individual e da incivilidade. Que nos revistamos do temor do Senhor, da submissão a Cristo, da submissão uns aos outros, de humildade, de amor, de união, de simplicidade e sinceridade, lavando os pés uns dos outros e sendo agradecidos a Deus pela Sua bondade, dando-lhe sempre ações de graças e louvor pelo que temos, seja muito ou pouco, pois como está escrito: Ele não nos deixará, e não nos desamparará, e o Senhor é o teu Deus que tudo provê, se ao menos permanecermos em obediência nos Seus caminhos e em dependência debaixo das Suas Mãos. Que nos convertamos ao Senhor, e nos voltemos para Ele com fé, e Ele nos salvará e nos fará vencer para a glória do Seu Nome.
Paz seja com os irmãos.
W. Costa
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