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Españou

13 fevereiro 2016

Andando pela Fé

“porque andamos por fé, e não por vista” (2 Coríntios 5:7)


Após a maravilhosa multiplicação de pães e peixes, ao declinar do dia, Jesus orientou os seus discípulos a passarem para o outro lado do mar da Galiléia, enquanto ele despedia a multidão. Então subiu ao monte e se pôs a orar noite adentro. Na quarta vigília da noite, de madrugada, ele foi se encontrar com os discípulos, andando por sobre as águas do mar.

Lá estão os discípulos no barco; ventos fortes, mar agitado, situação tensa, força nos remos, dificuldades na progressão da viagem curta, porém atribulada. Momentos antes estiveram comentando extasiados o feito extraordinário do Mestre, que com apenas cinco pães e dois peixes alimentou uma multidão faminta de umas quinze mil pessoas; mas agora o espanto e o pavor se apoderaram deles, alguns perguntam desesperados: cadê o Mestre! agora que nós precisamos dele, será que ele nos abandonou neste mar bravio para morrermos afogados?! Outro, desacreditado já diz: porque é que nós cometemos esta loucura de seguir a Jesus? teria sido melhor se ficássemos quietos, vivendo a nossa vida pacata e tranqüila; antes nós não tínhamos estes problemas... Mas outro o interrompe: Pare de reclamar e põe força nestes remos... Outro começa a chorar: Há! eu vou morrer!!! tão jovem... será que Jesus me enganou??? De repente uma onda gigantesca se choca com o barco, quase que vira. Outro já está escrevendo o testamento de despedida. Pode-se imaginar Pedro olhando para André e dizendo: Porque é que você foi me meter nessa?! eu estava quieto cuidando da minha pescaria e você vem e me leva até Jesus para vir parar numa situação destas!
Mas num certo momento um deles avista um estranho vulto no meio da escuridão, corre um frio na espinha, com voz trêmula pergunta aos companheiros: Meu Deus! O que é aquilo? os outros percebem, alguém grita: É um fantasma! Aaaaah!!! o espanto se apodera deles e todos dão grandes gritos. Mas uma voz firme, porém suave é ouvida: Não se assustem, sou eu, não tenham medo! Pedro ainda apavorado diz: Senhor, se és tu mesmo, manda eu ir até aí, andando sobre as águas! Pelo visto Pedro gostava de desafios, ele estava disposto a arriscar a vida pela palavra do amado Mestre. Nesta altura ele devia estar pensando: venha o que vier, haja o que houver! vou me lançar a encontro de Jesus, se ele não me salvar, nada mais vai me salvar. Jesus, então, conhecendo a disposição do coração de Pedro, dá a palavra de ordem: Vem! Pedro ouve a palavra e esta lhe incendeia uma fé sobrenatural em seu coração, num instante ele têm a plena certeza que pode andar sobre o mar turbulento, que pode ousar o impossível, que pode todas as coisas pela palavra de Jesus, ele sente que ela tem um poder sobrenatural, é a mesma palavra que criou os céus e a terra, não importa mais os obstáculos, estes se tornaram irrelevantes diante da autoridade da palavra do Senhor. Jesus não mandou Pedro descer no mar, não o mandou andar por sobre as águas, não mandou que um milagre acontecesse, mas mandou simplesmente: venha! O poder da ordem já havia sido dado, tudo o que se interpusesse no caminho não tinha poder de impedir que ela fosse cumprida.

Lá vai Pedro descendo do barco, deixando a segurança do natural e partindo para o sobrenatural, pisa na água como se fosse terra, sente uma estranha firmeza, algo que o sustenta. Toma confiança e dá o primeiro passo. O pé não afunda, nem desliza. Olhos fitos no Mestre, segurança no coração; mais um passo, e parece que a firmeza aumenta, uma fé sobrenatural invade a sua alma. Mas em certo momento uma onda passa ao seu lado, a água bate no joelho. Pedro olha para os lados para verificar a situação, ver o que está ocorrendo em sua volta, e se assusta ao ver que o mar se agitava, o vento estava cada vez mais impetuoso, parecia que tinham se enfurecido contra ele, a cada passo a situação piorava. Os olhos de Pedro não estavam mais em Jesus, uma ansiedade começa a tomar conta dele, seu coração dispara, um pensamento lhe vem à mente: você vai afundar, não se anda por cima da água, a água não é como terra, você vai se afogar e morrer! E mais uma onda passa, só que esta lhe atinge em cheio, molha até a cabeça. Pedro começa a se arrepender da loucura que fez, pensamentos negativos lhe roubam a fé e quando ele olha a água já estava na cintura, tinha começado a afundar! A princípio ele se debate, pensa consigo mesmo: ora, mais eu sei nadar! vou voltar nadando para o barco. Só que outro vagalhão lhe acomete, e neste ele chega a beber água, não dá pra nadar! Ele começa a se angustiar, trevas se apoderam de sua mente, pensamentos de morte assaltam a sua esperança de se salvar. Já não está andando sobre as águas, as águas é que estão sobre ele, as coisas voltaram ao natural, ao comum, homem não anda em cima de água. Agora ele está como qualquer um, a mercê das águas bravias do mar, se afogando no meio delas. Quando já lhe faltava o ar, quase perdendo os sentidos, seus olhos fitam um homem em pé em cima das águas, parado, como aguardando algo. Pedro já havia se esquecido de Jesus, sua mente se voltou para as circunstâncias, e estas lhe dominaram. Uma fagulha de esperança se acendeu em seu coração, ele se lembrou do Mestre. Sim! é Jesus! Ele ainda está presente! Mas por quê não veio me ajudar? Será que ele não viu que eu estava quase morrendo. E grita: Meeeeestreeeee, salva-me! Pedro não esperava achar socorro, tinha perdido as esperanças, mas agora ele pode clamar a Jesus na sua angústia. E a resposta veio. Jesus se aproxima de Pedro, com olhar sereno e cheio de ternura ele estende a sua mão, Pedro pensa: eu não mereço isso, eu duvidei da Sua palavra. Mas o amor de Jesus atinge o coração de Pedro, que segura firmemente a mão do Senhor. Uma força parece lhe passar pelos braços, algo sobrenatural o faz estremecer, seu coração revive, a chama de sua fé torna-se maior do que no princípio, a presença de Jesus lhe transmite uma firme segurança, e a paz lhe invade a alma. Então num momento se esquece do mar, das ondas, da angústia, dos pavores, algo como que uma luz ofuscante esclarece sua mente, sente que pode confiar no homem que está junto dele, Jesus de Nazaré, o humilde carpinteiro, que tinha algo mais que humanidade, era o “Emanuel”, era Deus conosco. Levanta-se diante de Jesus, e este lhe pergunta ternamente: Homem de pouca fé, porque você duvidou? Pedro, logicamente, não têm palavras para responder. Apenas segura nas mãos de Jesus, que o conduz ao barco, ainda andando por sobre as águas, mas agora Pedro nem se dá conta disso, a presença de Jesus faz com que todas as demais coisas sejam esquecidas.

Alta madrugada, mar agitado, ventos impetuosos; e Pedro se sente como se estivesse andando nas nuvens, à luz suave do sol da manhã, na calmaria matutina. Os discípulos, no barco, emudeceram diante da cena que presenciaram, mau respiravam, olhos arregalados, mente cativa, também estavam olhando firmemente para Jesus, que entra no barco com Pedro. Segue-se uma calmaria, uma paz celestial toma conta do ambiente, sente-se na carne uma presença majestosa, um temor há no coração dos discípulos, não mais o temor do mar, das ondas, dos ventos, mas algo jamais sentido, que inspira profunda reverência. Eles olham para a face de Jesus, o seu olhar penetra até o interior das suas almas, como que vendo tudo o que se passa em seus corações. E Inclinando-se, eles o adoram dizendo: Verdadeiramente tu és o Filho de Deus!